Uma câmera na mão (daquelas domésticas, mesmo) e umas ideias na cabeça. Depois do boom tecnológico e do barateamento dos equipamentos de vídeo nos anos 2000, filmar deixou de ser um bicho de sete cabeças, com aquelas produções grandiosas e elenco de estrelas. Com o surgimento de sites como o Youtube, a prática acabou se tornando ainda mais comum. Os filmes de curta-metragem passaram a ser mais populares e acessíveis, encontraram sua linguagem específica e seu público cativo.
Primeira experiência para muitos diretores hoje conhecidos, o filme curtinho, com orçamento menor e sem grandes dores de cabeça de pós-produção, ainda esbarram, porém, na dificuldade de distribuição e exibição. As salas comerciais estão longe de exibir esse tipo de produção audiovisual. A maneira encontrada por produtores, então, para que esses filmes chegassem até os espectadores foi a criação de mostras e festivais – que cresceram e se multiplicaram na última década – em diversos cantos do país.
Consolidando-se como uma das mostras de curtas no cenário nacional, começa hoje em Belém, a 6ª Mostra Curta Pará Cine Brasil – que se diferencia por trazer os filmes já premiados em outros festivais. De hoje até dia 24, no Cine Olympia, a mostra vai exibir curtas feitos por realizadores brasileiros, além de um longa-metragem. Ao final da exibição, o público é quem escolhe o melhor da mostra competitiva.
Este ano, a premiação em dinheiro da mostra competitiva será dada ao vencedor da categoria Júri Popular. Aquele que cair no gosto do povo é quem vai levar o valor de R$1.000. “O público é quem justifica este projeto. As edições anteriores sempre tiveram casa cheia, o público comparece mesmo e isso é o que valoriza o nosso trabalho”, diz a organizadora e idealizadora da mostra, Márcia Macêdo.
Todo rodado no Pará, o filme “O Sol do Meio Dia” (2007) com direção de Eliane Caffé - que será exibido hoje, às 20h30 - mostra um triângulo amoroso criado pelo acaso, histórias de pessoas comuns do interior da Amazônia e cenários que certamente o público reconhecerá.
Os atores Chico Diaz – que virá para a mostra –, Luiz Carlos Vasconcelos e Cláudia Assunção são os protagonistas da história de crises de pessoais e solidão.
Artur (Luiz Carlos) acabou de cometer um crime passional. Tentando fugir em busca de sua redenção, ele encontra Matuim (Chico Diaz), dono de embarcação. Pelos rios, eles seguem viagem rumo à Belém, quando encontram Ciara (Cláudia Assunção), que se une à eles para embarcar na viagem.
As filmagens foram feitas em 2006, em Belém e no interior do Estado, por sete semanas e meia. Eliane também é responsável pelo roteiro, ao lado do dramaturgo Luiz Alberto de Abreu. Mas foi somente após a edição e montagem, que o longa foi se revelando.
Com o título inicial de “Andar às Vozes”, por definir um pouco dos personagens que vagam em suas vozes interiores, a mudança do nome se deu por motivos comerciais e também pela própria condução da história.
O filme foi premiado este ano no Festival do Rio, na categoria de Melhor Ator para Chico Diaz e Luiz Carlos Vasconcelos.
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